A preocupação mais comum do motociclista em relação à
manutenção da sua moto é com a calibragem dos pneus e a troca do óleo do motor.
Muito se discute sobre o melhor tipo de óleo lubrificante para o motor e transmissão
e se esquece de um outro tipo, mais precisamente de um fluido – o de freio e o
de acionamento da embreagem da moto!
Tá certo que nem todas as motos têm esses dois componentes
com acionamento hidráulico, mas aquelas mais modernas e de maior cilindrada com
certeza exigem cuidados especiais nesses componentes por parte de seus donos.
No caso dos freios, o fluido hidráulico é o líquido
responsável por transmitir a força aplicada pelo piloto às manetes até os
mecanismos de frenagem (pastilhas nos sistemas a disco, lonas nos a tambor)
junto às rodas. Por estar sujeito às condições severas de temperatura, geradas
pelo atrito das pastilhas e lonas de freio, não é possível usar líquidos a base
de água para essa finalidade, pois poderiam entrar em ebulição devido a temperatura
elevada, se transformando em gás e deixando de atuar sobre essas pastilhas e
lonas durante os procedimentos de frenagem. Já no inverno, poderá até mesmo
congelar sob o frio intenso.
O Department Of Transportation (DOT), Departamento de Transportes dos Estados
Unidos, estabeleceu critérios para classificar os fluidos de freio, conforme
sua formulação e seu desempenho. O nível 3, ou DOT-3, é há tempos o mínimo
exigido para as motos e automóveis, enquanto alguns fabricantes requerem os mais
evoluídos DOT-4, DOT-5 e DOT-5.1. O DOT-5 é baseado em silicone, e os demais
(5.1 incluído), são compostos por óleos minerais estéreis e polietileno glicol. Misturar fluidos
de diferentes padrões nunca é recomendável, mas é especialmente desaconselhado no
caso de mistura do DOT-5 aos demais tipos, pois sua formulação é totalmente
diferente, a base de silicone, não se misturando completamente aos demais.
Os fluido à base de glicol tem
sobre o de silicone a vantagem da resistência bem maior à compressão, o que
deixa mais firme o pedal / manete de freio. Sua desvantagem é ser higroscópico,
isto é, absorver a água e a umidade do ar. Isso reduz o ponto de ebulição (que,
se muito baixo, pode levar o fluido a perder suas propriedades sob intenso
aquecimento), prejudica sua eficiência de transmitir força hidráulica. Por isso
é recomendado efetuar a medição de contaminação do fluido hidráulico por água
anualmente (manutenção preditiva) e, se necessário, a sua substituição (manutenção preventiva). Dependendo das condições de
uso, em média, a durabilidade do fluido de freio é de dois anos.
Existe uma maneira simples de
efetuar o teste de contaminação por água de um fluido hidráulico que é a
utilização de uma “caneta” de teste, a qual dará a percentagem de água
existente na mistura e que, com certeza, existe na oficina de sua confiança.
Lembre-se: os fluidos de freio DOT-3, DOT-4 e DOT-5.1
absorvem água. Sendo assim, o seu ponto de ebulição diminui, ocasionando a
diminuição da sua eficiência em uma frenagem. Isso pode tornar os
freios parcial ou totalmente inoperante! Imagine você descendo uma serra e
utilizando seguidamente os freios da sua moto. Um fluido contaminado por água
ferveria e este certamente não é o melhor momento para uma falha nos freios!
Uma das principais diferença entre os tipos de fluido é a
sua viscosidade, que por sua vez irá influenciar na temperatura que irá ocorrer
o seu ponto de ebulição. Segue abaixo uma tabela com estas características:
Ponto de ebulição
mínimo do fluído seco
|
Ponto de ebulição do
fluído
contaminado com água
|
|
DOT-3
|
205 °C
|
140 °C
|
DOT-4
|
230 °C
|
155 °C
|
DOT-5*
|
260 °C
|
180 °C * Base
silicone.
|
DOT-5.1
|
270 °C
|
190 °C
|
Quando for efetuar a troca do
fluido hidráulico da sua moto, procure um produto de excelente qualidade e que atenda
ou supere as especificações contidas no manual da sua moto. A título de
exemplo, posso indicar um fluido fabricado, na Alemanha, de especificação DOT-4,
já comercializado, no Brasil, e que supera o ponto de ebulição mínimo para um
dessa categoria, pois resiste a até 260º C quando seco e 165º C quando contaminado por água. É o SL4 da marca ATE do Grupo
Continental.
Dicas:
1 – Devido a propriedade de absorção
de umidade pelo fluido hidráulico, com exceção do DOT-5, o fluido a ser
colocado no sistema deve ser sempre novo, nunca de uma embalagem aberta há
muito tempo;
2 – Do mesmo modo, como o fluido absorve
a umidade do ar, você deve evitar abrir ou deixar aberto o reservatório de
fluido de freio da sua moto;
3 – Não deixe os fluidos
hidráulicos caírem ou respingarem na pintura da sua moto, pois eles poderão
danificá-la;
4 – Fluidos hidráulicos
contaminados por água, além de perderem a sua eficiência, poderão ocasionar
corrosão nas partes metálicas do sistema de freio e ainda danificar as guarnições
de borracha;
5 - Se sua motocicleta utiliza
fluidos a base de polietileno
glicol (DOT 3,4 e 5.1), JAMAIS COLOQUE O FLUIDO DOT 5 pois este é a base
de SILICONE;
6 – Se você
utilizar fluídos que o ponto de ebulição é maior que o especificado na sua
moto, por exemplo, se você utilizava o DOT-4 (230°C) e quer utilizar o DOT 5.1
(270°C), não há problema, pelo contrário, irá aumentar a segurança. Nunca
aceite um fluído de freio que tenha um ponto de ebulição inferior ao
especificado no manual da sua moto. Por exemplo, se a sua moto utiliza DOT-4 e
o mecânico quer lhe “empurrar” um DOT-3 lhe dizendo que é a mesma coisa, saiba
que não é!!! O DOT-4 irá ferver a 230°C enquando o DOT-3 irá ferver
a 203 °C. Isso poderá comprometer gravemente sua segurança, pois você
poderá ficar sem freio em uma situação onde o mesmo seja muito utilizado!
Agora, é motocar e aproveitar a sua máquina com toda a
segurança possível!!! Bons passeios!!!
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