sábado, 17 de maio de 2014

Cuidados com o fluido de freio da sua moto.

A preocupação mais comum do motociclista em relação à manutenção da sua moto é com a calibragem dos pneus e a troca do óleo do motor. Muito se discute sobre o melhor tipo de óleo lubrificante para o motor e transmissão e se esquece de um outro tipo, mais precisamente de um fluido – o de freio e o de acionamento da embreagem da moto!

Tá certo que nem todas as motos têm esses dois componentes com acionamento hidráulico, mas aquelas mais modernas e de maior cilindrada com certeza exigem cuidados especiais nesses componentes por parte de seus donos.

No caso dos freios, o fluido hidráulico é o líquido responsável por transmitir a força aplicada pelo piloto às manetes até os mecanismos de frenagem (pastilhas nos sistemas a disco, lonas nos a tambor) junto às rodas. Por estar sujeito às condições severas de temperatura, geradas pelo atrito das pastilhas e lonas de freio, não é possível usar líquidos a base de água para essa finalidade, pois poderiam entrar em ebulição devido a temperatura elevada, se transformando em gás e deixando de atuar sobre essas pastilhas e lonas durante os procedimentos de frenagem. Já no inverno, poderá até mesmo congelar sob o frio intenso. 


O Department Of Transportation (DOT), Departamento de Transportes dos Estados Unidos, estabeleceu critérios para classificar os fluidos de freio, conforme sua formulação e seu desempenho. O nível 3, ou DOT-3, é há tempos o mínimo exigido para as motos e automóveis, enquanto alguns fabricantes requerem os mais evoluídos DOT-4, DOT-5 e DOT-5.1. O DOT-5 é baseado em silicone, e os demais (5.1 incluído), são compostos por óleos minerais estéreis e polietileno glicol. Misturar fluidos de diferentes padrões nunca é recomendável, mas é especialmente desaconselhado no caso de mistura do DOT-5 aos demais tipos, pois sua formulação é totalmente diferente, a base de silicone, não se misturando completamente aos demais.



Os fluido à base de glicol tem sobre o de silicone a vantagem da resistência bem maior à compressão, o que deixa mais firme o pedal / manete de freio. Sua desvantagem é ser higroscópico, isto é, absorver a água e a umidade do ar. Isso reduz o ponto de ebulição (que, se muito baixo, pode levar o fluido a perder suas propriedades sob intenso aquecimento), prejudica sua eficiência de transmitir força hidráulica. Por isso é recomendado efetuar a medição de contaminação do fluido hidráulico por água anualmente (manutenção preditiva) e, se necessário, a sua substituição (manutenção preventiva). Dependendo das condições de uso, em média, a durabilidade do fluido de freio é de dois anos.

Existe uma maneira simples de efetuar o teste de contaminação por água de um fluido hidráulico que é a utilização de uma “caneta” de teste, a qual dará a percentagem de água existente na mistura e que, com certeza, existe na oficina de sua confiança.


Lembre-se: os fluidos de freio DOT-3, DOT-4 e DOT-5.1 absorvem água. Sendo assim, o seu ponto de ebulição diminui, ocasionando a diminuição da sua eficiência em uma frenagem. Isso pode tornar os freios parcial ou totalmente inoperante! Imagine você descendo uma serra e utilizando seguidamente os freios da sua moto. Um fluido contaminado por água ferveria e este certamente não é o melhor momento para uma falha nos freios!

Uma das principais diferença entre os tipos de fluido é a sua viscosidade, que por sua vez irá influenciar na temperatura que irá ocorrer o seu ponto de ebulição. Segue abaixo uma tabela com estas características:


Ponto de ebulição
mínimo do fluído seco
Ponto de ebulição do fluído
contaminado com água
DOT-3
205 °C
140 °C
DOT-4
230 °C
155 °C
DOT-5*
260 °C
180 °C  * Base silicone.
DOT-5.1
270 °C
190 °C


Quando for efetuar a troca do fluido hidráulico da sua moto, procure um produto de excelente qualidade e que atenda ou supere as especificações contidas no manual da sua moto. A título de exemplo, posso indicar um fluido fabricado, na Alemanha, de especificação DOT-4, já comercializado, no Brasil, e que supera o ponto de ebulição mínimo para um dessa categoria, pois resiste a até 260º C quando seco e 165º C quando contaminado por água. É o SL4 da marca ATE do Grupo Continental.
Dicas:
1 – Devido a propriedade de absorção de umidade pelo fluido hidráulico, com exceção do DOT-5, o fluido a ser colocado no sistema deve ser sempre novo, nunca de uma embalagem aberta há muito tempo;
2 – Do mesmo modo, como o fluido absorve a umidade do ar, você deve evitar abrir ou deixar aberto o reservatório de fluido de freio da sua moto;
3 – Não deixe os fluidos hidráulicos caírem ou respingarem na pintura da sua moto, pois eles poderão danificá-la;
4 – Fluidos hidráulicos contaminados por água, além de perderem a sua eficiência, poderão ocasionar corrosão nas partes metálicas do sistema de freio e ainda danificar as guarnições de borracha;
5 - Se sua motocicleta utiliza fluidos a base de polietileno glicol (DOT 3,4 e 5.1), JAMAIS COLOQUE O FLUIDO DOT 5 pois este é a base de SILICONE;
6 – Se você utilizar fluídos que o ponto de ebulição é maior que o especificado na sua moto, por exemplo, se você utilizava o DOT-4 (230°C) e quer utilizar o DOT 5.1 (270°C),  não há problema, pelo contrário, irá aumentar a segurança. Nunca aceite um fluído de freio que tenha um ponto de ebulição inferior ao especificado no manual da sua moto. Por exemplo, se a sua moto utiliza DOT-4 e o mecânico quer lhe “empurrar” um DOT-3 lhe dizendo que é a mesma coisa, saiba que não é!!!  O DOT-4 irá ferver a 230°C enquando o DOT-3 irá ferver a 203 °C. Isso poderá comprometer gravemente sua segurança, pois você poderá ficar sem freio em uma situação onde o mesmo seja muito utilizado!

Agora, é motocar e aproveitar a sua máquina com toda a segurança possível!!! Bons passeios!!!




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